Íris Bruzzi, a primeira-dama do Teatro Recreio
Atriz, que foi casada com Walter Pinto, relata os bastidores das revistas em uma homenagem ao homem que dedicou a vida ao teatro

Íris Bruzzi no palco do Teatro Dulcina, sendo microfonada pelo técnico de áudio Raphael Rocha para gravar seu depoimento sobre o produtor Walter Pinto
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Íris Bruzzi conheceu Walter Pinto quando era atriz do Follies e ele, um importante empresário do teatro do Rio de Janeiro. Namoraram, casaram e tiveram três filhos. Neste vídeo-documento, Íris conta como eram os bastidores da vida dedicada ao teatro e das revistas daqueles anos. “O Walter era um perfeccionista, ele chegava a ser muito chato. Porque tudo dele era perfeito, ele não admitia não acertar fazer uma coisa”.
Apontado como um profissional que copiava os espetáculos da Broadway, Íris garante que Walter jamais foi a Nova York e que as criações do ex-marido eram inspiradas nas produções parisienses, como as que se passavam no Moulin Rouge ou no Lido. “O Walter tinha uma orquestra com 70 músicos, chegava todo ano com 12 bailarinas do Colón de Buenos Aires. É fogo na jaca tinha quadros da Marina Marcel, todos de ponta. Uma grande tristeza do Walter é quando as pessoas falavam ‘teatro rebolado’. Ele falava ‘meu teatro não é teatro rebolado’”, destacou.
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As produções de Walter Pinto, conta Íris, passavam o ano lotadas, no Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, e seguiam para São Paulo, para temporada de 30 dias. A última etapa de criação de seus espetáculos era o nome das peças, definidos geralmente em longas conversas com o0 roteirista e diretor Luís Iglesias. O resultado eram títulos impagáveis, como É fogo na jaca, É de xurupito e Tem bububu no bobobó. “Ele e o Iglesias eram imbatíveis.”
Íris trabalhou em apenas uma peça de Walter, O diabo que a carregue lá pra casa, a última do empresário. No ano seguinte, ele juntou os 22 anos de teatro, com todo o repertório das peças e fez uma excursão pelo Brasil, na qual Íris se tornou conhecida por todo o país.
O Teatro Recreio, na Praça Tiradentes, fazia parte do roteiro para os turistas internacionais. “Não existe nada no Brasil, e no mundo devem ter poucos. Era um teatro cujo urdimento era uma loucura, um teatro que poderiam entrar elefantes, tudo o que você pode imaginar”. Neste vídeo-documento, Íris lembra também como Walter perdeu o Teatro Recreio e sua tristeza nos últimos anos de vida longe dos palcos.