A diversidade integrada de Danilo Caymmi e Luiz Vieira
A oitava dupla do projeto Pixinguinha de 1978 fez show no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Belém
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Menino de Braçanã – Luiz Vieira
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Forró do tio Augusto – Luiz Vieira
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Taí no que dá – Luiz Vieira
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Inteirinha – Luiz Vieira
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Guarânia da Lua Nova – Luiz Vieira
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Juliana – Danilo Caymmi
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Aperta outro – Danilo Caymmi
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Casaco marrom – Danilo Caymmi
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Ponta Negra – Danilo Caymmi
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Codajás – Danilo Caymmi
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Botina – Danilo Caymmi
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Andança – Danilo Caymmi
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Ponteio – Luiz Vieira
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Improvisos de Luiz Vieira
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Prelúdio Para Ninar Gente Grande (Menino Passarinho) – Luiz Vieira
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Luiz Vieira é pernambucano de Caruaru. Danilo Caymmi nasceu no Leblon carioca. Luiz foi engraxate, pescador, motorista e guia de cego antes de se tornar cantor famoso. Começou a carreira em 1946 cantando músicas regionais na Rádio Clube do Brasil e passou pela Rádio Tamoio, quando fez parte da chamada “família real do baião”, composta também por Luiz Gonzaga e Carmélia Alves. Danilo começou a estudar flauta aos 15 anos. Sua primeira música, “Anjo da noite”, teve letra composta pelo pai, o grande músico baiano, Dorival Caymmi, e foi gravada por Cynara e Cybele. Logo se destacou nos festivais de música brasileira. O primeiro, no palco, conversa com o público, conta piadas sobre seu povo nordestino. O segundo, ainda com menos de dez anos de carreira, era introspectivo. Dessa mistura de estilos, origens e histórias nasceu a oitava dupla a se apresentar no Projeto Pixinguinha de 1978, com pré-estreia no Rio de Janeiro, em 19 de maio, e passagem por São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e, por fim, Belém, de 26 a 30 de junho.
“A união de artistas com propostas de trabalho completamente diversas, separados também ‘no tempo e no espaço’ poderia parecer, à primeira vista, uma coisa temerária, fadada a se transformar, na melhor das hipóteses, em recitais distintos, cada um mostrando suas músicas, sem que houvesse, necessariamente, uma integração. Mas acontece que a sensibilidade musical de Luiz Vieira e Danilo Caymmi, aliada à dos instrumentistas que os acompanham, faz com que, surpreendentemente, o espetáculo siga até o final sem rupturas. E esta integração pretendida é conquistada plenamente num dos mais bonitos momentos do ‘show’, quando a voz de Luiz, a flauta de Danilo, piano, guitarra, acordeão, contrabaixo e violão dos músicos se unem para interpretar “Ponteio”, de Edu Lobo e José Carlos Capinam”, sentenciava o jornalista Irlam Rocha Lima, noCorreio Braziliense, em 22 de junho.
Ao mesmo jornal, Danilo concedeu entrevista sobre sua experiência no Pixinguinha: “Tem sido muito bom para mim, principalmente pelo contato com Luiz Vieira, sua música. E ficou bem coesa a integração do nosso trabalho. Todo o conhecimento que ele tem do folclore brasileiro, de música, em conversas durante a viagem, tem me ensinado muito, além, é claro, do conhecimento que a gente acaba adquirindo, mesmo que pouco, das regiões que visita”. E Luiz Vieira, ao Jornal de Brasília, falou da fundamental importância do Projeto. “É um dos acontecimentos mais auspiciosos para a música brasileira, um passo avançado no sentido de sustentar o vigor de nossa música. O Pixinguinha pode ser comparado com os antigos auditórios de rádio, com a vantagem de ter um público culturalmente melhor, e de dar oportunidade ao público de conhecer o trabalho dos novos sem esquecer os que plantaram raízes. A preço módico, as pessoas podem ver seus ídolos e acompanhar o trabalho de renovação que os novos vêm fazendo”.
No repertório do show estavam sucessos de Luiz Vieira como “Menino de Braçanã” (Luiz Vieira / Arnaldo Passos), “Taí no que Dá” (Luiz Vieira) e “Prelúdio Para Ninar Gente Grande” (Menino Passarinho – Luiz Vieira), além de músicas com que Danilo se destacara em festivais, como “Casaco Marrom” (Renato Corrêa / Guarabyra / Danilo Caymmi), que venceu o Festival de Juiz de Fora, e “Andança” (Danilo Caymmi / Edmundo Souto /Paulinho Tapajós), terceiro lugar no III FIC.
Acompanhavam Luiz e Danilo, os músicos Cid Freitas (percussão e bateria), Raimundo (piano e guitarra), Tony Martins (violão e acordeão), Dango (guitarra), Edilson (bateria), Fernando Leporace (contrabaixo e violão) e Luizinho Rattes (violão e craviola).