Um Projeto Pixinguinha romântico com Elizeth, Silvio Cesar e Zé Luiz Mazziotti
Dividindo-se entre cantora e mestre de cerimônias informal do espetáculo de 1981, Elizeth Cardoso interpretou sucessos como 'Meiga Presença' e 'Nossos Momentos'
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Cantiga Antiga / De Repente – Silvio Cesar e Elizeth Cardoso
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Meu Bem Querer – Elizeth Cardoso e Zé Luiz Mazziotti
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As Rosas não Falam / Janelas Abertas / Canção da Manhã Feliz – Elizeth Cardoso
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Se eu Morrer Amanhã / Quando eu me Chamar Saudade – Elizeth Cardoso
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Neste Mesmo Lugar / Nossos Momentos / Onde Anda Você – Elizeth Cardoso
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Primavera, Outono – Elizeth Cardoso e Silvio Cesar
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Levante os Olhos – Silvio Cesar
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O que eu Gosto de Você – Silvio Cesar
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Minha Prece de Amor / Maria – Silvio Cesar
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Moço Velho – Silvio Cesar
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Vamos dar as Mãos – Silvio Cesar
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Bastante – Zé Luiz Mazziotti
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A Ilha – Zé Luiz Mazziotti
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Mesa Redonda – Zé Luiz Mazziotti
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Deixa / Tristeza e Solidão / Violão Vadio – Elizeth Cardoso
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Refém da Solidão – Elizeth Cardoso
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Meiga Presença / Doce de Coco – Elizeth Cardoso
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Serenata do Adeus – Vinicius de Moraes
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Pra Você – Silvio Cesar e Elizeth Cardoso
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Marcha da Quarta-Feira de Cinzas / Se Todos Fossem Iguais a Você – Elizeth Cardoso, Silvio Cesar e Zé Luiz Mazziotti
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Cantora da maior importância na história da música popular brasileira, Elizeth Cardoso foi um dos principais nomes do Projeto Pixinguinha na temporada de 1981. Além da carreira de grande sucesso construída desde o final da década de 30, ela tinha protagonizado no anterior uma das turnês mais memoráveis do Projeto, com sambas e choros interpretados ao lado de Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca. Porém, nesta segunda turnê da “Divina”, a música romântica deu o tom do espetáculo dividido por ela com os cantores-compositores Silvio Cesar e Zé Luiz Mazziotti.
Com direção de Érico de Freitas, o show fazia uma espécie de antologia informal do repertório romântico brasileiro, com exemplares que iam dos anos 50 – como Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes) e Neste Mesmo Lugar (Klecius Caldas e Armando Cavalcanti) – à recém-inaugurada década de 1980, da qual saíram Meu Bem Querer e A Ilha, ambas de Djavan e interpretadas por Zé Luiz Mazziotti (a primeira em duo com Elizeth). Mas era mesmo dos anos 60 que vinham os maiores sucessos do espetáculo, como os clássicos “elizethanos” Meiga Presença (Otávio de Moraes e Paulo Valdez) e Nossos Momentos (Luiz Reis e Haroldo Barbosa), além da canção Pra Você, de Sílvio Cesar, apresentada em dueto com Elizeth, que – fazendo as vezes de mestre de cerimônias – chamava a plateia para cantar junto. Clique na galeria de áudios para ouvir o espetáculo na íntegra.
Gravada por grandes nomes como Cauby Peixoto, Isaurinha Garcia, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves e a própria Elizeth Cardoso, entre outros, Pra Você é até hoje o grande sucesso de Silvio Cesar, mineiro da cidade de Raul Soares, que nesta primeira participação no Projeto Pixinguinha apresentou outros êxitos românticos, como Cantiga Antiga, Moço Velho e a religiosa Maria. Já Zé Luiz Mazziotti, que nesta época usava o nome artístico Zéluiz (título de seu primeiro LP, de 1979), fazia sua segunda viagem pelo Pixinguinha, um ano depois de ter dividido o palco com Ângela Maria e Miltinho. Paulista de Rio Claro, Mazziotti começava a ganhar projeção nacional com sua voz de timbre grave e composições como Bastante (parceria com Sérgio Natureza), também romântica, incluída no repertório do espetáculo.
Aberta no dia 16 de julho de 1981 (data do 61º aniversário de Elizeth Cardoso), no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, a turnê seguiu até o dia 7 de agosto, com apresentações em Niterói (RJ), São Bernardo do Campo (SP), Campinas (SP), Brasília e Campo Grande, num total de 12 espetáculos. O acompanhamento instrumental ficou com Toninho Costa (guitarra), Sérgio Carvalho (piano), Maurício Scarpelli (contrabaixo) e Wilson das Neves (bateria).
Aproveitando a passagem da caravana pela Capital Federal, o Jornal de Brasília procurou Elizeth Cardoso no camarim da Sala Funarte, minutos antes do espetáculo, para uma entrevista. Assim, entre um “rápido aplique de laquê, um reforço na maquiagem, mais um batonzinho” (conforme publicado na edição 8 de agosto de 1981), a cantora carioca explicou sua preferência pelo gênero romântico (“Me diz mais, gosto profundamente.”) e contou que passou a ser chamada de “Divina” durante uma temporada na boate carioca Night and Day, em 1956, quando o apelido foi criado pelo pesquisador Haroldo Costa (“Muita gente pensa que foi invenção do Sérgio Porto.”). “Mas me incomoda um pouco esse título. Acho demais para mim”, disse Elizeth, que ao longo da carreira colecionou outros epítetos, como “Enluarada” e “Mulata Maior”. Leia esta e outras matérias na Galeria de Imagens.