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Cartas para Paschoal Carlos Magno

Acervo do dramaturgo guarda 450 correspondências recebidas de pessoas representativas da classe teatral brasileira

Cartão postal de Antônio Abujamra, de Roma

Cartão postal de Antônio Abujamra, de Roma

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Abrir o “baú” de cartas enviadas para Paschoal Carlos Magno, entre os anos de 1935 e 1975, por personalidades como Cacilda Becker e Antônio Abujamra, é visitar o teatro brasileiro daquele período. Nos bilhetes, telegramas ou em longas cartas, percebe-se as dificuldades dos artistas, os afetos e a imensa paixão pela arte cênica. No texto escrito pelo médico e dramaturgo Pedro Bloch, por exemplo, acompanha-se o sucesso do teatro Duse, em Santa Teresa: “Ali se respira o ar do idealismo, sem a menor dúvida. (…) Seu trabalho não foi em vão. A gente sente em cada realização do Duse que aquilo não cessará jamais”. Já na correspondência da atriz Cacilda Becker, observa-se a repercussão do Festival Nacional de Teatro do Estudante: “Os pernambucanos foram incrivelmente amáveis comigo. Adoram você, Paschoal, e falam com entusiasmo do seu festival”; e nas palavras eufóricas de Antônio Abujamra, em 1959, lê-se sobre o embrião do projeto da Aldeia de Arcozelo, fundada em 1965: “Delirei com o programa da Aldeia (…) Aquilo é Deus! Paschoal, aquilo é Deus!”.

Nas cartas, vê-se também que pedidos de financiamento podiam ser feitos através de bilhetes escritos à mão, como o de 1950, de Odilon Azevedo, da companhia Dulcina-Odilon, que, além de reverenciar Paschoal por suas qualidades como poeta, diplomata e homem de teatro, solicita apoio à temporada teatral que se iniciaria no teatro Regina (hoje, teatro Dulcina, no Centro do Rio de Janeiro). Também observa-se as manifestações de afeto e o prestígio de Paschoal com a classe teatral pela carta do diretor Gianni Ratto, “suas palavras me compensaram de tantos anos de trabalho e de luta para um teatro que eu e nós queremos venha a ser sempre mais autenticamente brasileiro” ou o telegrama de HenrietteMorineau desejando sucesso ao Teatro do Estudante.

O bilhete de Bibi Ferreira é para o Paschoal jornalista. Ela agradece a crítica “fina, inteligente e sóbria” para a peça Divórcio e pede uma fotografia com dedicatória do teatrólogo, pois “não sei se você sabe, mas você me dá sorte”. Finaliza desejando que o Teatro do Estudante inaugure o ano de 1948 cheio de sucesso. Já o pai da atriz, Procópio Ferreira, faz um desabafo curto e direto: “É mesmo uma desgraça ser artista neste país”.

Ler a carta do ator Sergio Cardoso, revelado por Paschoal em Hamlet, mostra o panorama teatral de 1958, além de revelar uma “bronca” ao amigo: “Veja se cria vergonha, deixa de ser tão ministro para ser mais teatrólogo e amigo (…). Ruggero está aqui, para dirigir para o Danilo o Marido confundido, de Molière. Panorama visto da ponte foi um estrondo no T.B.C., com uma atuação delirantemente e merecidamente aplaudida do Leonardo Villar. Milton Carneiro está no Natal e Oscarito no São Paulo. Maria apresenta uma temporada de Reprises e o Teatro de Arena mantém seu estrondoso sucesso de Eles não usam black-tie. Anuncia-se a indefectível temporada lírica (…) Demos um espetáculo de Vestido à meia-noite, em homenagem aos dez anos do T.B.C. O Brasil é campeão mesmo (…)”

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