
Sobre Nelson Rodrigues
“A ficção de Nelson Rodrigues está cheia de coisas atrozes e imorais, é verdade. Mas quem, acreditando em Deus, ousaria classificá-lo de imoral, porque a vida, criação de Deus, está cheia de coisas atrozes e imorais?”
Em 1954, o poeta Manuel Bandeira provocava, desta forma, a reflexão de leitores acerca da obra daquele que se tornaria o mais celebrado dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Passadas mais de cinco décadas, o fértil território criativo, que Nelson Rodrigues plantou a partir dos anos 40 em peças icônicas do teatro brasileiro, continua a dar frutos, despertando interesse de gerações variadas dedicadas à arte da atuação em território brasileiro, e mesmo fora dele.
No Centro de Documentação (Cedoc) da Funarte, um passeio pela incensada obra do dramaturgo é possível graças à manutenção de fotos de peças, bem como programas das produções teatrais de Nelson Rodrigues. Disponíveis também no Cedoc estão resenhas e comentários sobre espetáculos teatrais que entraram para a história do moderno teatro brasileiro, entre eles Vestido de Noiva, encenado pela primeira vez para um Teatro Municipal do Rio de Janeiro que, ao fim da sessão, saudaria a montagem com entusiasmo absoluto.
Boa parte dos registros fotográficos de peças do dramaturgo existentes no Cedoc foram feitos pelo Estúdio Foto Carlos, que, nas décadas de 40, 50, 60, 70 e 80, capturou, através de suas lentes, imagens das principais peças em cartaz no Rio de Janeiro. Digitalizadas graças ao projeto Brasil Memória das Artes, as fotos revelam elencos de prestígio, com atrizes como Maria Della Costa e Cleyde Yáconis, e raridades, como uma participação de Nelson Rodrigues como ator. Rico em variedade, o acervo fotográfico do Estúdio Foto Carlos, mantido e cuidado pela Funarte, revela ainda imagens de bastidores e ensaios.