Foto Carlos nos anos 70: ‘Castro Alves pede passagem’
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Castro Alves dá uma entrevista no programa de TV popular Esta é a Sua Vida. Saída da imaginação de Gianfrancesco Guarnieri, em seu primeiro trabalho como autor e diretor, esta situação fictícia dá origem a Castro Alves Pede Passagem. A peça que buscou aproximar o público do poeta e agitador baiano que morreu aos 24 anos, cem anos antes da estreia em São Paulo, em 1971.
“Transportar” o abolicionista para a telinha foi uma licença poética que Guarnieri defendeu como a melhor maneira de levar sua mensagem para os anos 70. “Exemplifica bem o meu objetivo de não elitizar o teatro, não fazer com que ele fique falando indeterminadamente para uma minoria”, explicou ele em reportagem do Jornal do Brasil de 28 de abril de 1971.
A ousadia de misturar teatro com uma proposta televisiva foi bem recebida por público e crítica. O primeiro lotou a temporada paulista, que durou oito meses, com plateia que variava entre 1.500 e 3.600 pessoas. Foi sucesso também no Rio de Janeiro, em temporada no Teatro Princesa Isabel ao longo do ano de 1972. Na revista Visão, Sábato Magaldi elogiou a iniciativa: “O resultado artístico dessa construção é dos mais felizes. A vivacidade da comunicação da TV impede as delongas das cenas explicativas e quebra, a todo momento, o ardor condoreiro que se liga à imagem do discípulo de Victor Hugo. Respeitam-se as características do poeta e ao mesmo tempo ele não é devolvido à poeira do século 19. Castro Alves ganha uma atualidade que o torna nosso contemporâneo”.
No elenco, destacam-se Zanoni Ferrite, jovem ator de São Paulo que viveu Castro Alves, e Luís Carlos de Morais, o apresentador de TV que misturou Silvio Santos, J. Silvestre, Flávio Cavalcanti e Chacrinha. Havia também Antonio Fagundes, Marta Overbeck, Regina Viana, Pedro Paulo Rangel, Jorge Chaia e José Fernandes, entre outros. A cenografia foi assinada por Marcos Weinstock e a trilha sonora foi de Toquinho (boa parte das músicas dele teve letras de Guarnieri, com exceção de uma de Vinicius de Moraes). Para encerrar, A Tua Presença, de Caetano Veloso, compositor que era considerado pelo diretor “um Castro Alves contemporâneo”.
Esta é uma das montagens registradas pelo Estúdio Foto Carlos na década de 70. O Centro de Documentação (Cedoc) da Funarte conta com 103 imagens digitalizadas. Veja algumas delas na galeria.