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Carlos Moskovics: o talento e a arte da fotografia no teatro brasileiro

Carlos Moskovics fotografou a história do teatro brasileiro (Foto: Foto Carlos)

Carlos Moskovics fotografou a história do teatro brasileiro (Foto: Foto Carlos)

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A coleção Foto Carlos – contemplada pelo projeto Brasil Memória das Artes, financiado pela Petrobras com o objetivo de garantir a salvaguarda do acervo da Funarte e sua disponibilização para o público – foi adquirida em 1993 e abrange 19.100 negativos. Considerada um dos mais importantes registros da história do teatro brasileiro, suas imagens, hoje essenciais para a pesquisa da memória das artes cênicas, revelam preciosas cenas das décadas de 40 a 80.

Carlos Moskovics nasceu na Hungria, em 10 de abril de 1916, filho de Samuel Moskovics e Rosa Newman Moskovics. Chegou ao Brasil em 27 de novembro de 1927 e naturalizou-se brasileiro em 16 de abril de 1948. No Rio de Janeiro, aos 14 anos, tornou-se assistente de fotógrafo. De 1938 a 1941, trabalhou no Foto Studio Rembrandt, localizado na Rua do Passeio, de propriedade de Stefan Gal, e na Revista Sombra, editada por Walter Quadros. Em 1945, estabeleceu o seu próprio estúdio de fotografia numa sala no térreo do Edifício Rex, na Cinelândia. Nesse mesmo ano, casou-se com Freida Galperin com quem teve quatro filhos: Sergio, David, Luiz e Dora.

Em 1946 mudou o estúdio, conhecido como Foto Carlos, para o Edifício Civitas, na Rua México nº 21 e, a partir daí, consolidou-se como prestigiado especialista na fotografia artística. Carlos Moskovics, além de fotografar o meio teatral, também se dedicou a registrar desfiles de moda, acontecimentos sociais, paisagens urbanas do Rio e de outras cidades brasileiras. Suas atividades profissionais iniciaram-se justamente quando o nosso teatro ensaiava os primeiros passos no sentido de elaborar novos conceitos na direção e na interpretação. São dele as históricas fotos da encenação, em 1943, de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues – um dos mais importantes marcos do teatro brasileiro moderno – representada pelos Comediantes, sob a direção de Ziembinski e cenários de Santa Rosa.

Suas lentes também documentaram a representação da peça infantil que inaugurou as bases de uma nova dramaturgia para crianças com qualidade cênica e literária: O Casaco Encantado, de Lúcia Benedetti, montada pela companhia Os Artistas Unidos, em 1948, com direção de Graça Mello, cenários e figurinos de Nilson Penna e música de Renzo Massarani.

Muitos foram os artistas e as companhias retratados por sua câmera. Nas décadas de 40, 50 e 60 tornou-se o fotógrafo mais requisitado pelo meio artístico. Nessa época, foram de sua autoria 80% das fotografias que circularam pela imprensa, estiveram expostas em painéis na entrada dos teatros, ilustraram programas ou ganharam autógrafos destinados aos fãs. Embora o forte do faturamento não fosse o teatro, Carlos Moskovics sentia prazer em trabalhar nesta área. No enquadramento da cena, procurava utilizar recursos adquiridos na observação de artes correlatas, como o desenho, a pintura, a escultura. Para ele a fotogenia estava subordinada ao binômio beleza e personalidade. Dizia que em teatro a “personagem fotogênica” era aquela que estava “bem realizada, física e interiormente”.

Bienal de Artes e UNESCO

Em 1968, a convite da Sociedade Cultural e Artística Brasileira, dirige a seção de fotografia da I Bienal de Artes da Guanabara e do Estado do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano é convidado pela UNESCO para participar da II Trienal do Teatro na Arte Fotográfica, realizada em Novi Sad, Iugoslávia.

A partir de 1974, Luiz, um dos filhos do fotógrafo, começa a auxiliar o pai na parte administrativa e laboratorial do estúdio, o que permite a Carlos Moskovics mais tempo para só fotografar. Nesse período, documenta, entre outras peças: Anti-Nelson Rodrigues (1974), dirigida por Paulo César Pereio, Bonifácio Bilhões (1975), de João Bethencourt (1975) e as peças O Dragão Verde e Nossa Cidade, de Maria Clara Machado (ambas realizadas em 1984).

Muito querido pelos artistas, Carlos Moskovics era uma pessoa reservada e não gostava de ficar em evidência. Faleceu em 17 de julho de 1988, na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, seu olhar fotográfico, revestido de sensibilidade e apuro técnico, permanece entre nós.

Sobre o Autor, Christine Junqueira

Christine Junqueira é pesquisadora teatral e Doutora em Teatro pela UNIRIO.

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