Biografia de Pernambuco de Oliveira
Ouça o depoimento do cenógrafo para o SNT e veja a galeria de imagens
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Pernambuco é nome próprio. Não só do estado onde nasceu um homem de teatro pioneiro em diversos sentidos. Pernambuco Gago Sacadura de Oliveira (1922-1983) tomou na infância em Olinda as lições informais que o levariam para o palco: nas peças que frequentava na companhia do pai, nas histórias contadas pela “mãe preta” da fazenda. Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança e na cidade fez escola como cenógrafo, figurinista, diretor e dramaturgo. Criou mais de 15 mil cenários para televisão – mídia em que foi um dos primeiros de sua área a trabalhar – e mais de 200 para teatro. Criou também as primeiras companhias profissionais de teatro infantil: o Teatro da Carochinha (1949) e o Teatro Ra-Ta-Plan (1950).
Começou a trabalhar na área como pupilo do cenógrafo alemão Edward Löeffler. Seus premiados desenhos chamaram atenção de Paschoal Carlos Magno, que o convidou para trabalhar no Teatro do Estudante em 1947. A estreia de Hamlet, em 1948, contou com uma cena digna de cinema: horas antes do início do espetáculo, a costureira avisou que não ia entregar as peças. Quem recebeu a notícia foi Pernambuco: “O meu choque foi de tal ordem que me senti como se estivesse desabando. (…) O resultado é que eu fiquei duro no telefone, num estado de apoplexia. Chamaram um médico, mas a minha comoção era tanta que eu fui levado embora de ambulância”, contou ele no depoimento ao Serviço Nacional do Teatro que pode ser ouvido à esquerda. A solução foi dada pelos que restaram: pegaram os figurinos de Romeu e Julieta, encenado um pouco antes, “e tudo que lembrava vagamente o Hamlet”. Também ator, Pernambuco foi substituído temporariamente. Mas nada disso prejudicou a peça, sucesso de crítica e de público.
O Teatro de Estudante foi a vitrine para ele chamar a atenção de outro grande nome do teatro: Bibi Ferreira. Feito o convite, foram quatro anos como cenógrafo e diretor de cena da companhia da grande dama. Lá, trabalha nos espetáculos A Herdeira e Escândalos 1950, entre outros. Posteriormente, Pernambuco trabalhou com diversos diretores importantes.
Na televisão, ele próprio se definia como o “pioneiro absoluto no Brasil”. Assinou cenografia (e atuou em outras frentes) de programas como Grande Teatro Tupi, Vesperal Trol e Câmera Um, além dos musicais Noites Cariocas e Elizeth Cardoso, citando apenas alguns exemplos.
Perfeccionista e disciplinado, Pernambuco assim explicou seu ofício assim para o jornal Última Hora (em 14 de novembro de 1977): “O cenógrafo tem a responsabilidade de vestir o espaço. Amparar os atores e o diretor com um trabalho que é individual, mas que diz respeito a todo um grupo. Um cenário destrói ou valoriza uma peça e para isso é preciso distinguir o cenário bonito do cenário correto. Ele até pode ser muito bonito e não atingir o dramático do texto, a proposta do diretor.”
Ouça o depoimento do artista para o Serviço Nacional de Teatro, dado a Henrique Oscar, Pedro Veiga e José Dias. Veja imagens de desenhos na galeria à esquerda.