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Biografia de Kalma Murtinho

A figurinista que se considera uma operária das artes

Kalma Murtinho desenha um figurino (Reprodução)

Kalma Murtinho desenha um figurino (Reprodução)

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O amor de Kalma Murtinho por sua profissão pode ser medido pelas circunstâncias iniciais de seu trabalho: ela começou nos anos 40, antes de o ofício de figurinista existir, oficialmente ou mesmo informalmente, no Brasil. No tempo em que se dedicar ao teatro significava fazer de tudo, de varrer os bastidores a atuar como protagonista. E foi assim, dividindo-se sobretudo entre a atuação e a confecção de figurinos – e vez por outra também de cenários –, que Kalma entrou no mundo encantado do palco. E que palco! Ela foi uma das fundadoras do Tablado, em 1951, com sua grande amiga Maria Clara Machado.

“Por dez anos, acumulei as funções, mas ficava muito cansada, então resolvi escolher o que fazia melhor: o figurino”, explica ela no vídeo realizado em 2006 pelo Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude, com apoio da Funarte.

O reconhecimento veio cedo: seu primeiro trabalho profissional (Minha Vida com Papai, do TBC, com direção de Gianni Rato) foi logo premiado. No total, foram mais de 100 espetáculos e 15 premiações, incluindo Molières, Sacis e o Shell, por peças como O Jardim das Cerejeiras, de Tchecov (em 1968), e O Amante de Madame Vidal, de Louis Verneuil (em 1973) – veja os croquis na galeria de imagens.

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A atuação profissional não a afastou do Tablado, onde assinou figurinos por 40 anos. “Quando fiz O Cavalinho Azul, com a Maria Clara, fomos estudar as cores de Chagall, porque tinha uma cidade toda azul na peça. Fiquei vendo tudo azul por um tempo, levantava azul da rua!”, exemplifica. “A peça se torna um quadro, tenho que colorir ela.”

O estilo quase artesanal de trabalho no começo deixou marcas. Kalma se acostumou a tirar a medida dos atores, a comprar a matéria-prima e a pintar os figurinos no cenário. Com o passar dos anos, viu a profissão se solidificar a duras penas. “O processo de profissionalização é bastante difícil no Brasil. Se não houvesse a lei reconhecendo os artistas de cena e palco, não teríamos chegado a nada. Mas a verdade é que a nossa profissão não está organizada”, lamenta ela, que tinha vontade de montar o sindicato dos figurinistas.

A saída foi diversificar as atividades: foi dona de loja de artesanato (a primeira do Rio de Janeiro), trabalhou como figurinista de novelas (Duas Vidas, Saramandaia, entre outras) e de shows. “A gente deve ter metas. A minha é comprar um livro a cada peça que faço. Não poupo esforço, minha energia parece que cresce. Mesmo na minha idade, acho que posso fazer tudo.”

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A entrevista do vídeo acima foi dada a Antonio Carlos Bernardes e Carmen Frenzel em 2006.

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Comentários

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Patricia Murtinho

enviado em 30 de março de 2011

Bom dia.
Estou cursando figurino no SenaiCetiqt e gostaria de entrar em contato com a Kalma. Vcs poderiam me ajudar?
Grato
Pati

    maria.cristina

    enviado em 8 de abril de 2011

    Oi, Patricia, boa tarde. Infelizmente não temos esse contato. Abraços!

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