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Biografia de Dercy Gonçalves

Da infância pobre ao reconhecimento como estrela nacional

Dercy Gonçaves

Dercy Gonçaves

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Dolores Gonçalves Costa nasce em Santa Maria Madalena, estado do Rio de Janeiro, a 23 de junho de 1907. Filha de um alfaiate e de uma lavadeira, passa uma infância pobre em família de muitos irmãos, poucos estudos e nenhuma regalia. Desde cedo manifesta aptidão para a carreira artística, e faz suas primeiras apresentações no coral da igreja, em procissões e festas locais. Começa assim a alimentar o sonho de ser cantora e logo a cidade se torna pequena para o talento e o espírito transgressor da menina. Aos 16 anos foge em companhia de Eugenio Paschoal, cantor da Companhia Maria Castro que visita a cidade. Estreia a seu lado na dupla Os Paschoalinos, na cidade de Leopoldina, Minas Gerais. A partir daí, entra definitivamente para o mundo do espetáculo e assume o nome artístico de Dercy Gonçalves.

Na década de 30, a dupla tenta fixar-se em São Paulo, mas uma série de dificuldades, entre elas a descoberta da tuberculose contraída por Paschoal, determinam a volta do casal para o estado do Rio, Niterói. No Rio de Janeiro, estreia em 1932 na Casa de Caboclo, com o espetáculo Minha Terra. Vitimada também pela tuberculose, interrompe uma temporada de sucesso e interna-se no sanatório da cidade de Santos Dumont, em Minas, auxiliada por Ademar Martins que, apaixonado por ela, torna-se o pai de sua filha Decimar. Recuperada, volta ao Rio, onde atua em A Marquesa de Santos, de Viriato Correia.

Reprovada como cantora pelo radialista César Ladeira, opta definitivamente pela comédia. No início da década de 40, a convite do compositor Custódio Mesquita, assina contrato com a Companhia Jardel Jércolis, na qual se torna a principal estrela de As Filhas de Eva e Do que Elas Gostam, espetáculos que lotam durante meses o Teatro República. Em 1942, casada com Danilo Bastos, entra para a Companhia de Manuel Pinto, no Teatro Recreio, com a revista Rumo a Berlim.

Sua estreia no cinema acontece em 1943 no filme Samba em Berlim, de Luís de Barros. Permanece na Cinédia e atua com o mesmo diretor em filmes como Caídos do Céu, de 1946. Na Cinedistri, estrela títulos com sucesso de bilheteria, como Depois eu Conto (1956), de José Carlos Burle, Absolutamente Certo (1957), de Anselmo Duarte, e Uma Certa Lucrécia (1957), de Fernando de Barros. Registra em celulóide seus grandes sucessos no teatro da época: Cala a Boca, Etelvina (1958) e Minervina Vem Aí (1959), ambos de Eurides Ramos.

Em 1958, aos 51 anos, filma com Watson Macedo aquele que considera seu melhor trabalho na tela grande: A Grande Vedete. Neste filme, além da irreverência de sempre, tem oportunidade de interpretar uma personagem dramática: uma vedete, dona da companhia, que perde seu lugar absoluto para uma jovem e, ainda por cima, rival no amor de seu namorado. Ao lado de John Herbert e Marina Marcel, interpreta No Fio da Navalha, em que alterna humor e dramaticidade com sutileza de grande intérprete. Em 1947 monta sua própria produtora, a Companhia Dolores Costa Bastos, e encena a comédia A Mulher Infernal, de José Wanderley e Renato Alvim. Em coprodução com Walter Pinto, faz Tem Gato na Tuba, ao lado de Walter D´Avila, e bate recordes de bilheteria.

Como produtora, lança Burletas com Luz del Fuego, Elvira Pagã e Zaquia Jorge. Em 1951 contracena com Ankito em Zum-Zum, de Renata Fronzi e César Ladeira, com produção de Geisa Boscolli, no Teatro Jardel. Em seguida, transfere-se para a capital paulista, onde atua no Teatro Cultura Artística.

Em 1957 faz sua primeira experiência em televisão, na TV Tupi, onde participa do Grande Teatro. Seu sucesso na telinha vem somente em 1961, na TV Excelsior, no programa Viva o Vovô Deville, de Sergio Porto, no quadro A Perereca da Vizinha, e no teleteatro Dercy Beacoup, de Carlos Manga, com sátiras de personagens históricos, como Cleópatra, e clássicos como Julieta. Permanece na Excelsior até 1964, quando vai para a TV Rio a convite de Walter Clark e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, para participar do humorístico Noites Cariocas. Quando Boni e Clark transferem-se para a TV Globo, realizam com a atriz um dos primeiros sucessos da emissora: Dercy de Verdade, programa de variedades, utilidade pública e entrevistas, com 70% de audiência aos domingos. Durante a década de 70, permanece na televisão, ao mesmo tempo em que encena comédias de costumes com sua marca irreverente.

No final dos anos 80, monta Burlesque, show autobiográfico, no Teatro Rival, no Rio. Na televisão, participa por cinco anos do quadro Jogo da Velha, do Domingão do Faustão. Em 1991, aos 83 anos, é homenageada pela escola de samba Unidos do Viradouro com o enredo Bravo Bravíssimo, e causa impacto ao desfilar com os seios de fora.

Atualmente, participa de eventos como personalidade convidada e é reverenciada como uma das brasileiras mais revolucionárias do século. Às vésperas de seu centenário, já está festejando a emblemática data, pois considera os nove meses de gestação comprovação idônea de que já tem cem anos! Quem há de duvidar?

Nota da redação: Dercy Gonçalves morreu em 19/07/2008, no Rio de Janeiro, aos 101 anos

Saiba mais sobre Dercy Gonçalves em:

Dercy Gonçalves. Depoimentos III. Rio de Janeiro: MEC/ Funarte/SNT, 1977.

AMARAL, Maria Adelaide. Dercy de Cabo a Rabo. São Paulo: Globo, 1994.

*Christine Junqueira é pesquisadora teatral e Doutora em Teatro pela UNIRIO.

Sobre o Autor, Christine Junqueira

Christine Junqueira é pesquisadora teatral e Doutora em Teatro pela UNIRIO. Este texto foi escrito em 2006.

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