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Pixinguinha no Maracanãzinho: um marco dos cinco anos do projeto

Aplaudido por cerca de 8 mil pessoas, espetáculo comemorativo teve renda revertida para a Casa dos Artistas

Terça-feira, dia 18 de agosto de 1981. A chuva que tomou conta da cidade do Rio de Janeiro não espantou o público do show Pixinguinha – 5 Anos com a MPB. Cerca de 8 mil pessoas compareceram ao Maracanãzinho e cantaram ao som de Zizi Possi, A Cor do Som, Boca Livre, Joyce, João Bosco, Quarteto em Cy, Clementina de Jesus, Xangô da Mangueira, Época de Ouro e outros artistas, num total de 34 atrações. Um grande evento para marcar uma grande vitória. “Queríamos fazer um megashow para a população que foi beneficiada pelo Projeto Pixinguinha durante cinco anos ininterruptos. Era o coroamento de um trabalho feito com muita dificuldade e dedicação e que, apesar da repressão vivida no país, tinha autonomia para escolher artistas e roteiros musicais”, conta o coordenador do Pixinguinha na época, Luís Sérgio Bilheri.

Com renda destinada à Casa dos Artistas, a festa no Maracanãzinho teve estrutura grandiosa, ainda mais para os padrões da época: foram usados 15 toneladas de aparelhos de som e uma mesa Yamaha de 12 canais. Uma produção condizente com o sucesso alcançado pelo projeto, que, em apenas meia década, havia ocupado as horas ociosas dos palcos do país, levando a música brasileira para um público de 1 milhão 492 mil e 740 espectadores. De 1977 a 1981, a Funarte realizou 2 mil e 302 shows em 30 cidades e 22 estados, além do Distrito Federal.

Os músicos convidados para a comemoração dos cinco anos do Projeto Pixinguinha foram divididos em quatro núcleos, dirigidos por Paulo César Soares, Sérgio Rocha, Jorge Coutinho e Otoniel Serra. Como registrou o jornal O Globo, antes do início do espetáculo, já se podia ver grande parte da arquibancada tomada. Com meia hora de atraso, Albino Pinheiro, convidado especial para a apresentação, abriu o espetáculo, que começou com Jackson do Pandeiro e o conjunto Borborema. No primeiro núcleo também estavam João do Vale, Raul de Barros, Quarteto em Cy, Paulo Moura, Oswaldinho do Acordeão, Boca Livre, Anastácia, Kleiton e Kledir, e Cátia de França. “O Jackson do Pandeiro foi um grande momento. E o Paulo Moura, por ser instrumentista, comoveu o público. Eu tive muito orgulho de trabalhar com músicos tão bons quando eu tinha apenas 26 anos”, conta Paulo César Soares, hoje coordenador do Canal Funarte.

A cantora Marisa Gata Mansa foi a primeira a se apresentar. “Acompanhada apenas por um violonista, fazendo da força de sua voz a comunicação maior com o público, a princípio não foi bem aceita, mas conseguiu (…) com a música “Sangrando”, cativar a plateia”, registrou Lea Penteado, repórter de O Globo, referindo-se à canção de Gonzaguinha. Após cantar “Viagem” (João de Aquino e Paulo César Pinheiro), a intérprete de voz grave saiu do palco ovacionada. Depois de Marisa, vieram Antonio Adolfo, Emílio Santiago, Zizi Possi, Vital Lima, Viva Voz, Joyce, João Bosco e João de Aquino. Gonzaguinha, compositor que aliava o sucesso popular ao reconhecimento da crítica, encerrou o bloco.

Diretor do núcleo de samba e choro, Jorge Coutinho conta que não houve necessidade de ensaiar os artistas e que a marcação no palco foi feita no dia do show, horas antes. “Todo mundo era bamba. Não era necessário ensaiar Clementina de Jesus, Xangô da Mangueira ou o  Época de Ouro”, conta. Mas a luz Coutinho marcou com antecedência. “Escolhi a luz azul, que acho mais interessante no palco do que a vermelha e entra no clima de paz do Projeto Pixinguinha”, lembra.

Para finalizar o bloco, combinou com o elenco que todos cantariam juntos “Carinhoso”, em homenagem a Pixinguinha. Participaram do encerramento do bloco o conjunto Som Sete, Martinho da Vila, Copinha, além de Xangô, Clementina e o Época de Ouro. “Foi emocionante, porque todo o Maracanãzinho cantou junto. A garotada colocou as mãos pra cima. Um momento lindo”, relembra.

De repente, o som de uma sirene preencheu o estádio. “Eu quis sair da mesmice e chamar a atenção da plateia para o que estava por vir”, brinca o diretor do quarto núcleo, Otoniel Serra. O bloco começou com um grande carnaval ao som do Trio Elétrico, de Osmar e Dodô. “Pensei em uma atração de impacto, que levantasse a plateia. E, com o Trio Elétrico, o povo saiu do chão”, conta. Para encerrar o show, o grupo A Cor do Som cantou Zanzibar (Armandinho e Fausto Nilo). “Naquela época A Cor do Som era uma coqueluche. Eu os escolhi para fechar porque queria terminar o espetáculo com alguma coisa bem animada”, diz. As cadeiras colocadas no centro do ginásio foram afastadas e o espetáculo virou um grande baile de carnaval. Era o final de um show de cinco horas. Ou, como escreveu a repórter de O Globo, “uma hora por cada ano de música que o Projeto Pixinguinha espalhou pelo Brasil”.

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