Projeto Pixinguinha com sotaque regional: Inezita Barroso e Oswaldinho do Acordeom
Na temporada de 1984, dupla formada pela veterana cantora e pesquisadora e pelo jovem instrumentista lotou teatros da região Centro-Oeste
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Lampião de Gás – Inezita Barroso
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Ronda – Inezita Barroso
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O Burro Picaço – Inezita Barroso
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Negrinho do Pastoreio – Inezita Barroso
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A Divisão do Boi de Pernambuco – Inezita Barroso
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Capoeiras da Bahia – Inezita Barroso
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A Kalimba – Milton Cobrinha
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Seleção de Maracatus – Inezita Barroso
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Peixe Vivo – Inezita Barroso
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Pagode em Brasília – Inezita Barroso
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Moda da Pinga – Inezita Barroso
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Festa de Ogum – Inezita Barroso
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Soca Pilão – Inezita Barroso
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Tayeras / Canto das Mulatas de Belém do Pará – Inezita Barroso
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Asa Branca – Inezita Barroso
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Mágoa do Boiadeiro – Inezita Barroso e Oswaldinho do Acordeom
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Xote das Meninas – Oswaldinho do Acordeom
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Forró, tema instrumental – Oswaldinho do Acordeom
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Terra da Ilusão – Oswaldinho do Acordeom
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Tema Instrumental – Oswaldinho do Acordeom
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Sarandá – Oswaldinho do Acordeom
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Toccata – Oswaldinho do Acordeom
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Viagem Musical – Oswaldinho do Acordeom
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Pousando na Sorte – Oswaldinho do Acordeom
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Assim Falou Zarathustra – Oswaldinho do Acordeom
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Cantiga do Sapo – Oswaldinho do Acordeom
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Forró / Quinta Sinfonia de Beethoven – Oswaldinho do Acordeom
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Vassourinhas – Oswaldinho do Acordeom
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“Uma paulistana que interpreta o Brasil.” Era assim que o programa impresso do Projeto Pixinguinha apresentava uma das atrações mais importantes daquela temporada de 1984: Inezita Barroso. Companheira de Sá e Guarabira na turnê de 1980, a veterana cantora e folclorista paulistana fazia sua segunda participação no Projeto, desta vez dividindo o palco com o jovem Oswaldinho do Acordeom. Com apresentações de 12 a 29 de setembro de 1984, a dupla estreou no Teatro Dulcina (Rio de Janeiro) e, em seguida, percorreu o Centro-Oeste do país: Brasília, Goiânia, Cuiabá, Dourados (MS) e Campo Grande. A direção do espetáculo coube a Paulo César Soares.
“Ela era completamente regional, apresentando toda aquela riqueza da nossa música folclórica. Já ele vinha com uma banda da pesada, propondo mil fusões de ritmos regionais com urbanos e até música clássica”, relembra o diretor, ressaltando que testemunhou teatros lotados em todas as cidades por onde passou a caravana. “O encontro desses dois grandes artistas resultou num espetáculo surpreendente e ótimo.”
No texto do programa impresso, Paulo César Soares destacava os dotes televisivos de Inezita, que, naquela época, era ainda uma apresentadora iniciante do programa Viola, Minha Viola, “há quatro anos com sucesso absoluto” na Rádio Televisão Cultura. Alternando música regional e alguma prosa, o programa de Inezita permanece no ar até hoje, sendo um dos mais antigos da TV brasileira. Já Oswaldinho do Acordeom era apresentado no texto por suas qualidades de multi-instrumentista: “Ele toca 10 instrumentos de teclados, mas seu amor maior está no acordeom.”
Aos 30 anos, Oswaldinho já tinha um currículo que mais parecia de um veterano, com nove LPs lançados e diversas participações em gravações de grandes músicos como Sivuca, Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Filho do sanfoneiro baiano Pedro Sertanejo (seu primeiro professor de música), ele se acostumou desde cedo a conviver com os três mestres do acordeom, que eram frequentadores da casa da família – primeiro em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (onde nasceu Oswaldinho), depois em São Paulo.
O primeiro LP foi lançado em 1973, quando ainda não era conhecido pelo apelido que o acompanharia pela carreira, como se vê no nome do disco: Fantástico Oswaldo Silva. A temporada de 1984, ao lado de Inezita Barroso, era sua quarta participação no Projeto Pixinguinha, depois de turnês em 1978 (com Carmélia Alves e Antonio Adolfo), 1979 (como músico de Moraes Moreira e Djavan) e 1982 (com Anastácia e Rogério do Maranhão).
“Inezita já era uma baluarte da música brasileira, com um respeito muito grande por parte da crítica e do público, enquanto o Oswaldinho do Acordeom vivia o auge de seu sucesso, com muita mídia e uma grande vendagem de discos”, conta Paulo César Soares. “Cheguei a ficar preocupado que houvesse um desequilíbrio entre as duas atrações na turnê, mas não foi o que se viu. Os jovens que iam ao espetáculo gritar pelo Oswaldinho saíam apaixonados pelo canto de Inezita Barroso.”
Acompanhados por Magrão (contrabaixo), Serginho (bateria), Valdir (guitarra), Juracy (teclados), Harry e Milton Cobrinha (percussões), os dois artistas apresentavam repertório predominantemente regional. Entre os destaques estavam a Quinta Sinfonia de Beethoven (relida na sanfona de Oswaldinho) e os sucessos Ronda (Paulo Vanzolini) e Marvada Pinga (Ochelsis Laureano e Raul Torres), lançados por Inezita em 1954 – ano do nascimento de seu companheiro de palco naquela edição do Projeto Pixinguinha.