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Projeto Pixinguinha 1983: teatros lotados aplaudem Nara Leão e a Camerata Carioca

Liderado pelo bandolinista Joel Nascimento, grupo de craques do choro dividiu espetáculo de repertório eclético com a ex-musa da bossa nova

Nara Leão e os músicos da Camerata Carioca. Na fileira de trás: Dazinho, Luiz Otávio Braga, Henrique Cazes, Joel Nascimento e Joaquim Santos. Agachados: Beto Cazes e Maurício Carrilho (agachados).

Nara Leão e os músicos da Camerata Carioca. Na fileira de trás: Dazinho, Luiz Otávio Braga, Henrique Cazes, Joel Nascimento e Joaquim Santos. Agachados: Beto Cazes e Maurício Carrilho (agachados).

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Cinco anos depois do grande sucesso ao lado de Dominguinhos, em 1978, Nara Leão voltou à estrada com o Projeto Pixinguinha. No lugar do grande sanfoneiro e cantor, desta vez ela dividiu o palco com o bandolinista Joel Nascimento e a Camerata Carioca – conjunto de choro que reunia alguns dos mais talentosos instrumentistas do país. Em turnê de 28 de julho a 21 de agosto de 1983, a caravana se apresentou em Niterói (RJ), Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Salvador e Brasília.

A direção artística foi entregue a Túlio Feliciano, que montou um repertório eclético, justificado assim no programa impresso do espetáculo: “Afinal, a nossa alma brasileira gosta muito de samba e de valsa, de tango e de choro, não é? Façamos então uma festa para a nossa alma.” Assim, o público ouviu Nara cantar um pouco de tudo: de Ary Barroso a Renato Teixeira, de Zé Kéti a Kleiton Ramil; até bossa-nova – aqui representada por três sucessos de Tom Jobim: Samba do Avião, Esse teu Olhar e Corcovado.

O repertório da Camerata era igualmente diverso, passando por Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali, o argentino Astor Piazzolla e o cubano Leo Brower. E tinha também uma bela marchinha de Noel Rosa, Cidade Mulher, cantada pelos irmãos Henrique (cavaquinista) e Beto Cazes (percussionista). Além dos dois instrumentistas, completavam o time de chorões da Camerata Carioca os violões de Maurício Carrilho e Joaquim Santos, o violão de sete cordas de Luiz Otávio Braga, a flauta de Dazinho e, claro, o bandolim de Joel Nascimento.

Foi, aliás, do discípulo de Jacob do Bandolim a iniciativa de formar o conjunto, em 1979, especialmente para executar a suíte Retratos, que Radamés Gnattali tinha escrito originalmente para bandolim e orquestra de cordas, mas que acabava de ganhar novo arranjo, para regional de choro. Pois Joel reuniu um timaço de jovens músicos que, juntamente com Radamés, partiu em turnê pelo Brasil com o show Tributo a Jacob do Bandolim – eleito pela crítica o melhor espetáculo daquele ano. Gravado em LP, o Tributo foi premiado como disco em 1980.

“A Camerata é a nossa escola de música popular e música em geral”, contou Henrique Cazes ao jornal O Poti (de Natal), na edição de 7 de agosto de 1983, exaltando a iniciativa de Joel Nascimento, a quem chamou de “o nosso Zico”. Na mesma matéria, Nara Leão exaltava o sucesso da turnê e aproveitava para falar da situação do Brasil naquele fim de regime militar, se posicionando “contra a política do Delfim” (o ministro da Fazenda, Delfim Neto) e denunciando o “arraso econômico que sofreu o país”.

Elogiado por onde quer que passasse, o show foi tema de uma crônica inteira do jornalista/compositor Ronaldo Bôscoli, ex-noivo de Nara, que assinava a coluna Eles & Eu, na Última Hora. Ácido, mordaz e sem a preocupação de separar a vida pessoal de suas opiniões, o colunista escreveu (em 23 de agosto de 1983) que é “penoso mesmo” falar da Nara cantora, que ele definia como “uma artista feita rigorosamente de carisma, respeito e um fiapinho de voz”. Depois de exaltar o faro da ex-namorada (“Ela percebe o lance antes que o estouro aconteça.”), Bôscoli contou um episódio da estrada: “Com satisfação, sou informado que, em Salvador, Nara foi obrigada a cumprir dois espetáculos com direito a quebra-quebra (…), tal o volume de gente que pretendia entrar num teatro já lotado. Que bom!”

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