De volta ao Projeto Pixinguinha, Jackson comanda o forró ao lado de Anastácia
Caravana que rodou o Sul e o Sudeste em 1980 apresentava também a cantora paraibana Cátia de França, com suas composições fortemente influenciadas pela literatura
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Forró – Conjunto Borborema
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Cantiga do Sapo / Cantiga da Pirua / História de Lampião / Rainha do Tamba – Jackson do Pandeiro
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Baião – Anastácia
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Forró do Zé Lagoa / Eu só Quero um Xodó – Anastácia
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Moreno dos Meus Sonhos – Anastácia
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Coito das Araras – Cátia de França
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Estilhaços – Cátia de França
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Panorama – Cátia de França
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Dança das Lanças – Cátia de França
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Chiclete com Banana – Jackson do Pandeiro (1980)
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Vou de Tutano – Jackson do Pandeiro (1980)
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Puxa Saco – Jackson do Pandeiro
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Falso Toureiro – Jackson do Pandeiro
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Minha Zabelê – Jackson do Pandeiro
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Sou Sertaneja – Anastácia
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Até a Goela – Anastácia
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Quase Maluco – Anastácia
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Forró do Zé Pitomba – Anastácia
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Quem Vai Quem Vem – Cátia de França
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Forró em Limoeiro / Sebastiana – Jackson do Pandeiro
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Evocação nº1 – Anastácia
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Sou eu teu Amor – Jackson do Pandeiro, Anastácia e Cátia de França
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Cantar acompanhado de mulher não era novidade para Jackson do Pandeiro. Parceiro de Almira Castilho nos anos 50 e 60 e de Neusa Flores nas décadas seguintes, o gênio paraibano sabia como dividir seu telecoteco com o sexo feminino, como comprovou no Projeto Pixinguinha de 1980. Dessa vez, apesar do entrosamento meramente musical (Almira e Neusa tinham sido suas esposas), o resultado foi igualmente poderoso. Ao lado da pernambucana Anastácia e da paraibana Cátia de França, Jackson voltava à estrada após o sucesso da dobradinha com Alceu Valença, na temporada de 1978.
Acompanhado pelo conjunto Borborema, fiel escudeiro de Jackson, o trio de forrozeiros estreou no dia 10 de julho no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, em seguida percorrendo um itinerário que privilegiou cidades do interior das regiões Sudeste e Sul: São João de Meriti (RJ), Uberlândia (MG), Campinas (SP), São Bernardo do Campo (SP), Londrina (PR), Florianópolis e Blumenau (SC).
Dirigido por Lígia Ferreira (filha de Procópio Ferreira, irmã de Bibi), o espetáculo era apresentado no programa impresso por um texto em que Hermínio Bello de Carvalho ressaltava o caráter nordestino da trupe: “…e aí veio Jackson do Pandeiro e toda uma gama de excelentes artistas, os temas falando de misérias e fomes e secas – problemas com que a gente convivia mais no livros de Graciliano, Rachel de Queiroz…” Clique na galeria de imagens para ler o texto do programa e matérias de jornal sobre o espetáculo de Jackson, Anastácia e Cátia de França.
Já o jornal carioca Luta Democrática, na edição de 9 de julho de 1980, definia o espetáculo como uma reunião de “Gente firmina do Nordeste numa jogada de forró legal”. Era esse o título da matéria que apresentava o show em que cabiam a Jackson os principais sucessos da noite, como Vou de Tutano, Forró em Limoeiro, Sebastiana e Chiclete com Banana.
Mais conhecida no Nordeste do que no restante do país, Anastácia cantava seus sucessos recentes em parceria com Dominguinhos (Tenho Sede e Eu só Quero um Xodó), além do clássico do frevo Evocação nº1, de Nelson Ferreira. Também era autoral o repertório de Cátia de França, que interpretava Coito das Araras e Quem Vai Quem Vem (música sua sobre poema de João Cabral de Melo Neto), entre outras canções. Ouça o repertório completo do espetáculo na galeria de áudios.
“Uma nova Bethânia?”, questionava em 22 de julho um jornal não identificado da cidade de Campinas, cuja crítica era só elogios a Cátia de França. Definida como “a sensacional surpresa” do show, a novata paraibana é descrita no texto como uma “morena bonita que se esconde atrás da roupa que é um misto de cangaço com polícia”, “cantando com uma afinação de piano clássico”. A mesma crítica elogia ainda o “som amestrado” do pandeiro de Jackson (“…tem a classe de um rei”) e diz que as atrações “elevam o forró em Campinas a nível de concerto”.
No Jornal de Hoje, também de Campinas, o crítico José Augusto Lemos lamentou o público pequeno e desanimado que compareceu à estreia de Jackson e cia., contrastando a “frieza habitual da plateia campineira” com “o mais elétrico, mais empolgante (melhor mesmo) show do Projeto Pixinguinha”. Destacando a qualidade dos três solistas e do conjunto Borborema, o veículo – na edição de 23 de julho – arremata assim a sequência elogiosa à caravana nordestina: “Todas as partes contribuem, conjuntamente, para a execução do melhor espetáculo musical apresentado pelo Projeto. Um banquete musical, baile-show-momento imperdível.”